fios - A propósito das coisas más que têm acontecido


fios - A propósito das coisas más que têm acontecido

Quão cruel pode ser a realidade? Muito! Nos últimos tempos têm sido aviões que caem misteriosamente, ébola e legionela, uns "bichinhos” que andam para aí a matar pessoas, terroristas que invadem jornais e supermercados e matam em nome de um Deus. Noutros tempos, não muito longínquos, foram aviões contra prédios, ondas gigantes, terramotos, pontes a cair, meninas desaparecidas durante as férias no Algarve. Que fazer perante isto? Devemos proteger as nossas crianças desta terrível realidade? Não! É verdade que a frequência com que um mesmo e único episódio aparece na comunicação social pode "cultivar" a ideia de que aquilo aconteceu muitas vezes (a menina que desapareceu no Algarve foi mesmo só uma,  não tantas quantas as vezes em que isso apareceu nos telejornais) e, por isso, não devemos permitir a exposição massiva a esses conteúdos. É verdade também que aquelas cabecinhas pequeninas podem não entender muito bem o que está a acontecer e, por isso, devemos estar por perto para explicar e conversar sobre "aquilo". Mas mudar de canal, não! Esconder o que se passa, não! É que, em algum momento, algum pedaço incompleto dessa realidade há-de entrar e, então, a informação em falta será reconstruída com a imaginação - e a imaginação de uma criança pode ser bem mais terrível que a mais terrível das realidades. Para além disso, promove-se um padrão de evitamento, criando-se a ilusão de que só porque não sabemos, só porque está fora do pensamento, é como se não existisse. Mas existem,  existem de facto coisas terríveis neste mundo. Mas é nele que vivemos e,  apesar das coisas más, que fazem parte, este mundo é, na realidade, um lugar maravilhoso para se viver. Não é?

por Vitor Teixeira

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